Mestre Moraes

 

 

 

 

 

 

Quando se falar em capoeira Angola devemos sempre mencionar o nome de Pedro Moraes Trindade, o Mestre Moraes.


A "Capoeira Regional" encontrava-se no auge. Aqui no Rio de Janeiro só se falava em luta, força bruta e violência, esse trinômio era a tônica das discussões em torno da eficiência da Luta Regional Baiana, criada por Mestre Bimba.


Ao chegar no Rio de Janeiro em 1970, esperou como toda boa semente a época de germinar, buscando conhecer os meandros e malandragens da capoeiragem carioca, suas forças e fraquezas, suas brechas e oportunidades, como bom angoleiro, percebeu que a teia aparentemente forte era fraca, fraca porque não tinha malícia e fundamentos.

Tranqüilamente começou a preparar um discípulo para que pudesse mostrar o seu trabalho, a sua capoeira, lenta e gradualmente preparou, durante um ano, o aluno Peçanha.

Em 1973, abre uma escola de capoeira angola, na escola de Belas Artes, situada no Museu de Belas Artes, centro do Rio - Começa então o Grupo de Capoeira Angola Mestre Moraes.

O grupo se consolida e anos depois forma quatro mestres ( Mestres Zé Carlos, Braga, Neco e por último Marco Aurélio), entre contramestres e professores.

Residiu no Rio durante doze anos, semeou novos bons angoleiros e voltou para Salvador - Bahia. Tão logo chegou começou a desenvolver um novo trabalho, deu um grande impulso na capoeiragem da Bahia, reunindo antigos mestres e capoeiristas, mostrando o seu potencial de organização e seriedade.

Formou, já em salvador, o Mestre Cobra Mansa e vários contramestres.

Esse breve passeio pelas décadas de 70 e 80 mostra o quanto Mestre Moraes representou para a capoeira angola.    Não só no Rio de janeiro e Bahia como em todo mundo.

A idéia dos Mestres Cobra Mansa e Moraes em convidar o mestre João Grande para participar do GCAP ( Grupo de Capoeira Angola Pelourinho) em Salvador, além de tirar o grande Mestre João Grande do trabalho noturno (Moenda) e do posto de gasolina (frentista) possibilitou a tempo e a hora, a ida do nosso querido mestre para um lugar melhor dando-lhe uma condição mais digna e possibilitando que o mesmo continuasse o trabalho do Mestre Pastinha com reconhecimento de autoridades do mundo todo.

Seja quem for e onde for, falar em capoeira angola (na atualidade) sem mencionar Mestre Moraes é falar na Teoria da Relatividade sem mencionar Einstein.

Tentar esconder ou mesmo omitir o seu nome, é no mínimo "cuspir no prato que comeu" (isto vale para ex-alunos do mestre).

É sempre bom lembrar que sem este esteio a capoeira angola continuaria sendo suplantada e relegada a segundo plano, como uma coisa sem força e medíocre e que a capoeira angola hoje, está onde está porque um homem compreendeu que o valor da capoeira não está na aparência e sim no seu interior.

Hoje, grandes mestres e capoeiristas ascendem direta ou indiretamente graças ao trabalho e dedicação de Pedro Moraes Trindade.

Mestre Pastinha foi o guardião e Mestre Moraes vem sendo o alquimista da Capoeira Angola