Cultura

1) Introdução:

Os adolescentes hoje em dia têm muito mais para fazer, mas não foi sempre assim.
De alguns anos para cá é que as boites começaram a abrir suas portas para os menores de dezoito anos, em animadas matinês batizadas de "mingaus dançantes", o sucesso desse tipo de programa foi imediato. Assim então os adolescentes passaram a ter acesso a um mundo agitado de diversão até então exclusivo de seus irmãos mais velhos.
Porém não é só a discoteca que diverte a garotada, os barzinhos e restaurantes também são uma alternativa de diversão para "zoar" com os amigos.
Hoje, para uma considerável parcela da juventude brasileira, nas grandes cidades principalmente, os embalos vespertinos foram substituídos pela badalação noturna. A meninada sai de casa cada vez mais cedo, em termos de idade, e chega em casa de volta desses programas cada vez mais tarde. Se os adolescentes moram em cidade grande, existe o perigo de assalto, a violência urbana, o trânsito caótico; já se os adolescentes moram no interior, a falta do que fazer é o que preocupa, visto que são realizados pegas e rachas organizados pelos mesmos para animar a vida.
Outro ponto de vista é que muitos dos boêmios precoces trocaram o guaraná dos mingaus dançantes, por cerveja, tequila e outras bebidas fortes.
Afinal, a noite é uma criança, agora freqüentada por gente que pode se enquadrar nessa classificação.


2) O planeta teen em linhas gerais

Eles se acham engraçados e originais. Confiam em si mesmos e desconfiam dos políticos até a ponta do cordão cuidadosamente desamarrado do tênis. Querem terminar os estudos, ter sucesso na carreira. O dinheiro não é tudo, mas contam com uma vida confortável, uma boa casa, uma família feliz. Adoram televisão, ouvem pirâmides intermináveis de cds, saem muito com os amigos. Não estão com cabeça para reflexões filosóficas. Usam jeans e camiseta, bem descontraídos e de preferência com boas etiquetas. Devoram hamburgers e dedilham computadores com presteza.
Qualquer pessoa pode identificar nessas condições um retrato dos jovens que inundam os shoppings e engarrafam o trânsito na saída de colégios de classe média e estará certa. Jovens brasileiros? Acrescentem-se à lista americanos de todas as origens étnicas e homogêneos tailandeses, argentinos, egípcios e franceses, russinhos para os quais o comunismo não é mais nem um retrato na parede, coreanos expeditos, ingleses, alemães. O planeta teen, com todas as diferenças nacionais, é hoje extraordinariamente parecido, numa escala como já mais se viu antes.
Goethe, os jovens de diversos países estavam unidos pelo arrebatamento romântico, mas diferiam na maneira de se comportar, de vestir, de imaginar o futuro. Muita coca-cola rolou debaixo da ponte, e hoje, às vésperas do terceiro milênio, as diferenças praticamente desapareceram. Pela primeira vez na História da Humanidade, existe uma geração que, em escala planetária, sob o bombardeio de uma onipresente indústria cultural e com extraordinário acesso à informação, sente, ouve e vê as mesmas coisas.
Quem viajou ao exterior ou simplesmente assistiu um filme americano com personagens adolescentes certamente tem uma percepção desse fenômeno. É impressionante verificar como, no território adolescente, a globalização é mais do que um blablablá de futurólogos.
A globalização se dá sob o arrasador poder de fogo da cultura americana. Feche os olhos e tente imaginar a quantidade de jovens que, neste exato momento, em todo o planeta, estão ouvindo a banda Green Day, pensando em dar uma volta para comer um Big Mac ou comentando o filme Pulp Fiction. Os jovens de classe média alta demonstram uma impressionante unanimidade de aspirações. Não estão interessados em expressar rebeldia nem em deflagrar movimentos de contestação. A preocupação com o meio ambiente, martelada desde a infância nas cabecinhas desta geração, não consta da lista de prioridades nem de 50% dos adolescentes.
Independentemente da latitude em que vive o jovem global é dono de uma autoconfiança que beira a arrogância. O jovem tem muita confiança no seu potencial, isso é bom porque lhe dá mais força para lutar por suas metas.
Essa auto confiança quase delirante, é agora acompanhada por uma marcante preocupação com a morte. O banditismo nas grandes cidades e os vírus letais assombram cada vez mais as cabecinhas em formação, em meio a um clipe do Cranberries e a uma jogada sensacional do Shaquille O`Neal. Entre as preocupações mais intensas relacionadas ao assunto, registradas no total, estão a saúde dos pais, a própria, a AIDS e, principalmente, perder quem ama.
Na década de sessenta, os pais do jovem global provavelmente não acreditavam em ninguém com mais de trinta anos. Mas agora a história é outra: os filhos mostram que o conflito de gerações passa por uma fase de baixa intensidade.

O que os jovens querem, receiam e esperam da vida. Ninguém é de ferro.
Terminar os estudos72% Assistir à televisão77%
Ter sucesso na carreira70% Ficar com os amigos73%
Ser um adulto feliz60% Ouvir fitas/discos/CDs66%
Fazer faculdade64% Ouvir rádio81%
Encontrar um bom emprego71% Assistir a filmes em casa53%
Ter uma boa casa/apartamento59% Ler revistas54%
Ter dinheiro, viver c/ conforto63% Ir ao cinema51%
Despertar muito orgulho em minha família61% Estudar58%
Casar53% Fazer compras42%
Viver num mundo pacífico58% Ler jornais42%
Ajudar os outros58% Ler livros42%
Ter filhos47% Comer num fast food33%
Encontrar alguém para amar57% Shows de música39%
AIDS57% Passear de carro43%
Não ter dinheiro suficiente43% Teatro, balé ou ópera16%
Ser rico23%
Meio ambiente25%
Ser vítima de crime33%
Entrar para o governo3%
Ser rebelde3%
Na encruzilhada do desejo de um mundo mais equânime e da impotência, ou desinteresse em desfraldar bandeiras de luta, mora o individualismo. O perfil de consumo dos jovens é um claro indício de como as coisas caminham. Hoje ele quer ter a sua própria televisão, o seu computador, o seu carro. Isso é expressão do individualismo exacerbado que tomou conta de todos. Vai longe o tempo em que os adolescentes falavam com orgulho do carro do pai.
Se na década de oitenta alimentou os sonhos megalomaníacos da geração yuppie, os anos noventa indicam uma forte tendência para o despojamento; mas de um tipo curioso. O jovem global não quer ficar rico mas deseja ter uma vida confortável. Só que este conforto, é representado por bens de consumo sofisticados, do computador com recursos multimídia de vigésima geração até o celular mauricinho. Ou seja, trata-se de um despojamento típico de quem é capaz de gastar um razoável punhado de reais para comprar uma calça jeans displicentemente rasgada.
A aparente liberdade de escolha dos adolescentes da classe média, as voltas com uma infinidade de possibilidades geradas pelo bem-estar material, na verdade esconde um intenso processo de massificação e inculcamento de valores conservadores, que no passado ganhou nome de alienação e hoje ganhou nova roupagem, a da globalização. O jovem de hoje é o que o capitalismo sempre sonhou. Eles têm de estar dentro de uma das fôrmas criadas pela indústria cultural para serem considerados normais. A globalização da juventude é extremamente interessante às agencias de publicidade e aos oligopólios, a massificação é muito conveniente para eles sob todos os aspectos. Vender um carro, um CD ou um refrigerante que são apreciados pela garotada, certamente tem inúmeras vantagens do ponto de vista da produção. O processo de globalização, no entanto, ultrapassa as linhas de montagem ou a formação de mercados; e encontra nos jovens o terreno ideal. A globalização, operada sobre tudo via televisão, coincide como uma luva com a dinâmica do adolescente, que tem entre suas principais características o desejo de controlar o mundo. Através da televisão, o jovem tem a sensação de estar presente a todos os eventos, mas isso não significa necessariamente ser consciente, processar toda a informação até chegar a uma visão coerente do mundo. Ele até pode ser solidário com a causa defendida por Nelson Mandela, mas dificilmente sabe o que se passa na favela localizada a um quarteirão de sua casa.
Mais do que o jovem do passado, o adolescente sabe o que quer. Ele busca incessantemente as informações que lhe são úteis, embora elas sejam muito fragmentadas pelos meio de comunicação.
Curtir filme ruim, música vagabunda e programa de índio vira moda entre os jovens brasileiros, que elegem como ídolos os ultra-imbecis Beavis e Butt-head. Está se disseminando no Brasil a cultura do lixo, também conhecida como cultura trash. Na lixocultura, é de bom-tom falar mal da ecologia, dos que malham o corpo ou dos que são politicamente corretos. A cultura lixosa ganha adeptos capazes de fazer com que seus ídolos ganhem dinheiro com isso. Um dos músicos pop brasileiros mais bem sucedidos de um passado-presente, compunha música ruim de propósito: eram os Mamonas Assassinas. A cultura lixo não está aí para enriquecer espíritos, enaltecer o belo ou denunciar as mazelas sociais. Ela faz o elogio da bobagem, da burrice e da cretinice. E tem com objetivo tornar mais explícitos a boçalidade, a idiotice e o grotesco que estão em volta. Feita em sua maioria por jovens, num esquema alternativo e artesanal, a cultura do lixo joga pizza no estabelecido, de Hollywood à vanguarda oficial. A cultura trash é típica dos adolescentes que ainda não têm uma identidade própria e rejeitam a dos pais, dizem sim ao mau gostismo apenas para negar o bom gostismo. A intenção é criar uma contracultura, e principalmente zonear.
Ao promover o elogio do lixo, os jovens foram cavucar no passado. E o que foi encarado como comédia entrou para o gênero lixo. Assim os jovens encontraram aliados no público quarentão, que se descobriu saudosista dos antigos seriados de TV e dos personagens das matinês do cinema.
Faz parte do ideário da lixo-cultura especializar-se numa determinada bobagem: saber tudo sobre jornada nas estrelas, por exemplo, até saber falar o idioma de Klingon, e encher a paciência do próximo com esse conhecimento inútil.
Há trash também na televisão, desde agosto de 1995, o eurochannel, canal da TVA, exibe o programa eurotrash; onde a ordem é ser cretino.
Com suas esquisitices bem humoradas e a ausência de bandeiras, a lixi-cultura, nova manifestação da rebeldia adolescente, expressa a pobreza espiritural e existencial da indústria cultural. Só expressa, sem advogar nada além da diversão superficial.


3) O planeta teen em sua particularidade

Como se vê as mais escolhidas foram a música, seguida da televisão, ambas com índices bastante elevados.
Como era de se esperar, os jovens das classes mais elevadas freqüentam mais os teatros e os cinemas do que os das camadas populares. Também é mais alto o percentual de jovens que freqüentam restaurantes e bares das classes A e B, baixando gradativamente até chegar as classes D e E.
Nas capitais e cidades do interior não encontramos diferenças tão significativas, a não ser quanto a freqüência a cinemas e teatros. No interior, foi uma opção significativamente mais baixa, justamente porque em muitas destas cidades há apenas um ou dois cinemas e um teatro, enquanto outras nem os têm.

Música - primeira opção de lazer

O que os adolescentes mais gostam de fazer é saudável, positivo. Seja rap ou funk, seja jazz, samba ou axé music, qual for o tipo de música, só faz bem. O único mal que a música pode causar é provocar alguma deficiência ou uma diminuição da capacidade auditiva, porém só se ouvida muito alta, excessivamente alta e por muito tempo.
A jovem guarda está voltando a dar festas de arromba, apesar de os seus protagonistas serem todos cinqüentões encanecidos. A música jovem dos anos 60 está se transformando no modismo de verão entre os adolescentes dos anos 90. As músicas dos discos são regravações feitas, em sua maioria, pelos cantores próprios da época, preservando os arranjos originais. Aposentados por tempo de serviço, os cantores da jovem guarda voltaram à ativa com súbita badalação em torno do gênero. Surfando na mesma onda, grupos como Os Vips, The fivers e Jet Blacks agora voltam à ativa a todo o vapor.
Não há nada de estranho em uma banda pop nacional, como o Skank, beber na fonte da jovem guarda; afinal, esse estilo é o precursor de todo o rock nacional. Nos tempos de Roberto Carlos e sua turma, a música jovem era leve despretensiosa, seguindo a máxima de Chuck Berry, o inventor do rock, que dizia que uma boa canção para adolescentes deveria falar de carrões, praias ou garotas. A turma do rock nacional dos anos 80 começou assim, mas com o tempo bandas como Titãs ou Legião Urbana foram ficando pedantes, trocando a espontaneidade pelas letras empolgadas. O disco Rei, em que vários grupos do rock nacional reinterpretam músicas de Roberto Carlos, dá uma exata medida dessa pretensão. As bandas que preservaram a simplicidade dos originais se deram bem, casos de Barão Vermelho, Paulo Miklos e Blitz. Já os que tentaram ser melhores do que o Rei como Marisa Orth, Marina e Carlinhos Brown, caíram do cavalo. De tempos em tempos, roqueiros brasileiros regravam música adolescentes. Léo Jaime, por exemplo, gravou Gatinha Manhosa nos anos oitenta. Na mesma época, o grupo Patife Band regravou Tijolinho em ritmo punk. O grupo Não Religião verteu Coroação de Papel para o mesmo estilo. Até o grupo Sr. Banana, da novíssima safra escolheu o sucesso Ritmo da Chuva para seu disco de estréia.
Muitos ouvintes de pouca idade estão querendo situar a jovem guarda no tempo. Querem saber porque Roberto Carlos é um fenômeno que se preserva por tantos anos. Se a facilidade do Rei em agradar públicos tão variados até hoje continua inexplicável, a longevidade da jovem guarda é mais fácil de entender. Foi o primeiro movimento musical no Brasil dirigido para adolescentes e continua o mesmo após 30 anos. Não envelheceu junto com seus protagonistas e fãs. Parou no tempo, como se estivesse congelado. Para quem é da época da jovem guarda, a ressurreição da mesma é como uma reunião da turma do colégio. Para quem está chegando agora, é com ver um filme antigo, mas clássico.
Grunges, metaleiros e roqueiros das mais variadas estirpes acabam de perder o primeiro lugar no pódio. O gênero musical preferido no Brasil pelo público jovem, hoje em dia é exatamente aquele que a turma da guitarra adora odiar: a dance music. O reino dos heróis da guitarra foi substituído e dominado pelos superdisc-jóqueis. Como a dance é o gênero do momento, está servindo para tirar do limbo artistas que apareceram primeiro em outros segmentos. O caso mais berrante é o de Lulu Santos, que largou o rock e as baladas românticas, raspou o cabelo, vestiu o figurino clubber (como são chamados os freqüentadores de casas noturnas) e caiu na dança. Se Lulu Santos via seu público envelhecer a cada show, agora pode se orgulhar de ter tietes teens. Todo mundo já ouviu dance music em algum lugar, mas ninguém sabe que suas estrelas são meteóricas, raramente reinam por mais de um mês nas paradas de sucesso.

Televisão

Quanto à segunda opção não podemos falar o mesmo. É inegável o nível, o poder de atração que a televisão exerce sobre as pessoas. Infelizmente, as emissoras, em sua grande maioria, não parecem nem um pouco interessadas em explorar suas possibilidades educativas. Ao contrário, elas vêm seguindo quase que exclusivamente a direção indicada pelos anunciantes. Ou seja, o que vende mais é o que vai interessar colocar na programação. Se dá ibope então tudo bem, ainda que a mensagem não seja das mais sadias ou enriquecedoras para a formação de crianças e jovens.
A maioria dos jovens prefere ver televisão à ler um livro. Hoje, em muitas casas, é comum haver mais de um aparelho de TV. O problema é que esse poder aumenta a cada dia. NET, TVA... Temos como exemplo um desenho que estreou na MTV, chamado de Beavis e Butt-head; eles levam lições de mau comportamento a níveis nunca imaginados. Aos treze anos eles podem ser considerados quase adolescentes, mas são tão extraordinariamente burros, ignorantes e cretinos que conversar com eles e com um caixa eletrônico de banco não faz muita diferença. A graça de assistir a Beavis e Butt-head é que todo mundo se lembra dos tempos de escola de alguém que se parece com eles. A dupla é inacreditável, principalmente porque eles dividem o mundo mais ou menos que nem os adolescentes em duas categorias apenas: aquilo que é "legal" e o resto que é "um saco". Há cada vez mais opções, mais possibilidades. Como explicar essa potência? De certa forma, ela atua com que "hipnotizando" as pessoas. Leva a um relaxamento físico e mental comparável ao do yoga, segundo alguns estudos. Esta exige muito pouco esforço do telespectador, ao contrário do livro. Ler é uma atividade que exige poder de concentração, atenção, compreensão da mensagem, além do domínio da técnica da leitura. É necessário entender que ela é hoje uma realidade, um fenômeno irreversível, algo que faz parte da vida de todos nós; tornou-se tão importante que em muitas casas simples do interior, feitas apenas com tijolos, sem reboco ou pintura, é possível ver no telhado uma antena parabólica moderníssima. Captar a imagem da telinha = uma prioridade. A maioria das pessoas pode até deixar de lado outros confortos, mas a televisão não. O adolescente de hoje nasceu quando a televisão já estava com seus 12, 14 aninhos. Ele não conhece o mundo sem televisão.

Bater papo com os amigos

Sobre o que os adolescentes conversam tanto? É no playground, na esquina, no telefone, na porta de casa, nos barzinhos... Os adolescentes estão passando por um processo de auto-afirmação, de independentização. Quase sempre os assuntos são sobre suas paqueras, ou são bobagens sem sentido que os fazem morrer de tanto rir.
A alegria de estar entre iguais, é isso que atrai os adolescentes; 56% falam de sexo, namoro, enquanto 26,4% só tratam de "amenidades" e "garotos/as".
É sobre isso que os jovens tanto conversam. E é o esperado. A sexualidade é a mais importante descoberta, a mais emocionante aquisição da idade. A descontração, a jovialidade são também marcos dessa fase. Antes da revolução sexual dos anos sessenta, os jovens pouco falavam com os pais não apenas sobre sexo e drogas mas também sobre as expectativas e ansiedades comuns da idade. Logo após os anos sessenta, os jovens continuavam não falando, mas multiplicaram-se os textos sobre eles. Psicólogos, sexólogos, analistas de comportamento desenvolveram toda uma literatura sobre como se comportavam os adolescentes. Descobriu-se sobre o jovem dos anos noventa, que ele tem uma capacidade incrível de se conscientizar de seus problemas e falar que as gerações anteriores não tinham. O adolescente brasileiro de classe média alta não encara seus problemas como um rito dramático de passagem. Ele os vê com uma dose de humor que não havia na geração Easy Rider.

Esportes

Mais de metade dos jovens pratica algum tipo de esporte. Ou vários. Que coisa maravilhosa! É uma forma extremamente benéfica de gastar as energias, que nesta fase eles têm de sobra, de promover o desenvolvimento corporal equilibrado, o respeito pelo grupo e pelo próximo, de relaxar tensões, de levar ao aperfeiçoamento pessoal, à auto-afirmação, de conseguir a admiração do sexo oposto, de ter prestígio no grupo, enfim...São milhares os benefícios que o esporte traz. Sem contar um dos mais importantes, que é mantê-los ocupados, sadiamente ocupados. A preocupação com a boa performance nos esportes afasta o jovem e o adolescente de classe alta do álcool e das drogas, e os de classe bem mais inferiores faz benefícios ainda maiores. Como exemplo, temos um projeto recentíssimo sendo feito, onde 64 favelas estão integradas a CBF, em parceria com a arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, que decidiram usar a força do futebol para integrar comunidades carentes, na tentativa de lhes apresentar um mundo melhor. Já foi constatado que a nova mentalidade dos meninos está desagradando à traficantes ao passo que os mesmos meninos não estão mais interessados em ficarem como vigia ou avião (entregador de drogas).

Leitura

Como já era de se esperar, a leitura não é o forte da maioria dos jovens desta geração. Um modesto quinto lugar; 250 jovens (26,5%), foram os que afirmaram ter na leitura uma opção de lazer. E que tipo de leitura seria essa?
Dos jovens que afirmam ler, os livros foram o tipo de leitura apontado como o preferido. Quase empatados, revistas e jornais ficaram em segundo lugar.
Talvez esse resultado reflita realmente a realidade, mas é bom lembrar que muitas escolas vêm mantendo a leitura de um livro a cada bimestre ou mês como uma tarefa obrigatória. Talvez pôr isso só tenhamos encontrado 24,5% nesta modalidade de lazer. Ou talvez eles leiam mais do que nos parece. Foi um achado surpreendente, mas foi o que responderam. De qualquer modo, parece que a leitura não é mesmo o forte desta geração...10,1% afirmaram não ler nada.
Quando se está sem nada para fazer, eles visitam a geladeira. Abrem a porta, ficam parados olhando, olhando...Depois toca a fazer sanduíche atrás de sanduíche...
Tudo que gostam de fazer classificam como lazer. Daí a encontrarmos na "outra opção" muitas coisas que fazem parte de nosso dia-a-dia.
Observações: A masturbação - Tão condenada há poucos anos também foi citada várias vezes como "opção de lazer". Na adolescência, ela está presente até como uma forma de auto conhecimento de percepção da própria sexualidade.
Fazer ginástica X Bad boys - São principalmente estes que malham pesado nas academias sem parar, cada vez mais, querendo a cada dia, muitos e muitos músculos. A violência sempre teve os seus admiradores entre a juventude de todas as épocas. Mas há uma particularidade nessa jornada de músculos, sangue e suor; não é apenas a brutalidade em cima dos ringues onde um dos lutadores apanhou tanto que chegou a ficar com o branco dos ossos do crânio aparecendo quando o conflito terminou, que chama a atenção. Impressiona, também, o estado de espírito da platéia. São jovens de classe média alta, que adoram carregar um soco-inglês no bolso do casaco, um taco de hóquei ou mesmo uma arma de fogo.
A grande onda da geração dos shoppings - Grande parte dos jovens de classe média compra muito. Sabe o que quer e não vacila na hora de condenar como "hor-ro-ro-sos" os jeans que adorava seis meses atrás. Os adolescentes do anos noventa são assim mesmo. Muito já se falou do consumismo, da infidelidade às marcas, do temperamento determinado e do individualismo dessa geração. São traços que ganharam relevo porque o número de adolescentes está crescendo muito. Estamos no pico de um fenômeno demográfico conhecido como "onda jovem", com impacto enorme na vida da sociedade.
O jovem de qualquer geração que venha em onda disputa com o maior número de pessoas, desde uma vaga na escola até o primeiro emprego. Essa disputa começa já na infância e ajuda a explicar porque os jovens de hoje são cada vez mais competitivos e porque querem se destacar até mesmo dentro da sua própria turma. Além da pressão competitiva, esses adolescentes de hoje vivem, por fim, no olho de um furacão tecnológico, a maior revolução a que a humanidade já assistiu. O impacto dessa geração shopping center, no segmento classe média, terá provocado uma onda de choque espetacular sobre a economia do país. Em alguns ramos da indústria e do comércio o efeito dessa geração é avassalador. Para as gerações anteriores os adolescentes eram os consumidores do futuro, hoje são os consumidores do presente.
A maioria compra com dinheiro dos pais. De acordo com estimativas feitas pelo instituto Alpha, de São Paulo, circulam entre famílias brasileiras entre 13 e 18 anos cerca de 80 bilhões de reais, um quinto do PIB brasileiro. Metade desse dinheiro está nas mãos dos 25% mais ricos. É impossível avaliar que porcentagem desses 80 bilhões de reais é gasta diretamente pelos jovens. A importância desses jovens para a economia é pelo menos dez vezes maior que o bolo das mesadas. Além de decidir pessoalmente o que compra para vestir, o adolescente brasileiro influencia a marca do carro, do modelo da televisão e chega a definir o roteiro da viagem de férias dos pais. É muito mais poder de decisão que teve qualquer geração anterior.
Os filhos de classe média dos anos 90 formam a primeira geração de brasileiros inteiramente sintonizada com o que se passa no resto do mundo. Os adolescentes de todo o mundo são uma força unificada. Não importa se são americanos, europeus, japoneses ou latino-americanos; no que não depende do idioma, a linguagem da juventude é universal. Acrescentem-se a esse aspecto comercial as aspirações e concepções de mundo dos adolescentes.
Os adolescentes de hoje têm acesso a produtos praticamente proibidos as gerações anteriores. Para muitos garotos e garotas de 12,14,17 anos, a tecnologia está deixando de ser um mistério, 31% dos alunos da rede privada têm computadores em casa.
Qualquer pai de adolescente, da classe média para cima, sabe como um corredor de shopping é familiar para seus filhos. Não é a indústria que dita moda para eles são, eles que dizem aos diretores de marketing o que devem fazer.
O que tem marca conhecida ainda precisa contar com certa unanimidade, que varia de momento para momento, como tudo que sai e entra da moda.
Os adolescentes são ligados na política, sim. Mas de outro jeito. Eles podem até sonhar, mas sabem a diferença entre um delírio e o que é possível concretizar. Ou seja, querem que o Brasil melhore, tanto que o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho está entre os seus maiores ídolos, mas rejeitam a idéia de transformação radical da sociedade.
Os jovens de hoje fazem parte de uma geração que está pronta para viver o capitalismo em toda a sua extensão e para exercer a liberdade de escolha como consumidor em todas as esferas da vida.
O acesso dos adolescentes ao consumo, a educação, e ao lazer é desigual, como tudo no Brasil. O jovem da camada inferior da classe média, no entanto, não está afastado dos prazeres mais corriqueiros que animam a vida dos garotos das faixas de renda mais elevadas. Um levantamento, realizado entre adolescentes da classe média baixa confirma aquilo que já se sabia; que se eles não conseguem comprar um tênis Nike, compram uma cópia do mesmo. Ao contrário da geração que não confiava em ninguém com mais de 30 anos, os adolescentes de hoje aceitam a autoridade dos mais velhos e convivem muito bem com ela. Os adolescentes da geração shopping center não afrontam, protestam pouco mas acabam fazendo tudo o que querem. São determinados e independentes. Os jovens atuais não estão mais na barra da saia de suas mães; por isso talvez sejam mais realistas.

Curiosidades:

Se você é um adolescente, provavelmente...
  1. GOSTA de pizza e anda preferindo comê-la na Pizza Hut. Gosta também dos sanduíches do McDonald`s ou de outras lanchonetes da moda. Sempre em companhia dos amigos.
  2. COMPRA em shopping centers, lojas de marcas como M.Officer e Pé do Atleta, mas as vezes não sabe o nome da casa preferida. Escolhe as próprias roupas, com um olho na etiqueta e outro no preço. Os jeans são Levi`s, M.Officer, Forum ou 775.
  3. ADMIRA Betinho, Pelé, Madonna, Fernando Henrique Cardoso, Jô Soares, Xuxa, Chico Buarque de Hollanda, Romário, Renato Russo, Bebeto, Luís Inácio Lula da Silva, Steven Spielberg e Gilberto Gil.
  4. É FASCINADO por personalidades que já morreram, como Ayrton Senna, Bob Marley, John Lennon, Raul Seixas, Jim Morrison, Kurt Cobain e Cazuza.
  5. ESCOLHERIA, se pudesse comprar um carro importado, os modelos mais sofisticados da BMW, da Honda, da Ferrari. Entre os nacionais, ficaria com modelos populares: o corsa e o Uno, ou carros médios como Kadett.
  6. CURTE o som do Ace of Base, U2, Caetano Veloso, Jorge Bem Jor, Pink Floyd, Pearl Jam, Madonna, Led Zeppelin, Aerosmith, Dire Straits, Netinho, Milton Nascimento, Genesis, Sepultura, Raul Seixas e Nirvana.
  7. USA mochilas para carregar objetos e não dispensa acessórios como bonés; além do perfume Thaty (as meninas) e os meninos não têm marca preferida.
  8. BEBE Gatorade, Coca-cola, guaraná e sucos naturais.

Há ainda um último aspecto, muito importante a ser comentado. Quando pequenas as crianças dão meio mundo para sair com os pais. Choram, fazem chantagens incríveis quando seus pais não podem (ou não querem) levá-las. Esperneiam, gritam, sapateiam. Anos depois alguns pais se surpreendem com a dificuldade que têm que vencer para que os filhos os acompanhem a qualquer lugar. Parece que dão o mundo para não sair com seus pais, para estes os deixem em paz, o que é certamente desconcertante e doloroso para os pais.
Felizmente foi constatado que a opção "algumas vezes sai espontaneamente" é de 47,5% não deixando assim seus pais tão magoados.